Saúde Mental no Fim de Ano: A Síndrome de Dezembro e Seus Impactos

    As festas de fim de ano, como Natal e Ano Novo, são esperadas por muitos, mas para algumas pessoas, podem se tornar fonte de ansiedade e tristeza. Esse fenômeno, conhecido como “síndrome de fim de ano” ou “dezembrite”, não é oficialmente reconhecido como um transtorno psiquiátrico, mas merece atenção, segundo especialistas.

    A psicóloga Ana Paula Souza observa que muitos de seus pacientes relatam sentimentos de solidão, angústia e estresse durante este período festivo. Essa época de celebrações e reflexões muitas vezes traz à tona emoções difíceis, como saudade de entes queridos que partiram ou a comparação com os sucessos dos outros, especialmente nas redes sociais. “As festas podem servir como um gatilho, reavivando conflitos pessoais, além de aumentar a pressão social e econômica” explica ela.

    De acordo com o psicólogo Alexandre Ribeiro, a síndrome pode ter diversas origens e se manifesta de formas diferentes em cada pessoa. A proximidade do novo ano também costuma gerar ansiedade, já que muitos começam a avaliar suas vidas e a se questionar sobre suas conquistas e expectativas.

    A demanda por acompanhamento psicológico tende a aumentar neste período. Alexandre ressalta que a reflexão sobre o ano pode fazer as pessoas perceberem que precisam de apoio. “É comum reviver memórias de conflitos familiares e outras experiências desagradáveis durante essa fase”, complementa.

    Ana Paula destaca ainda que a pressão para estar feliz e ativo pode levar ao sentimento de não pertencimento e até a comportamentos de risco, como o uso de álcool. “É importante lembrar que não há problema em não se sentir bem nesta época. Nem todos precisam estar no espírito festivo”, afirma.

    As experiências emocionais durante o fim de ano são variadas. Cecília Ribeiro, estudante de Biologia, descreve uma sensação de vazio e nostalgia, refletindo sobre o que aconteceu ao longo do ano e o que poderia ter sido diferente. Para lidar com isso, ela recorre a terapia e atividades que a ajudam a desviar a mente.

    Isabelle Cavalcante, estudante de Letras, também compartilha suas sensações. Ela menciona um constante aperto no peito e a pressão das expectativas, além de memórias familiares complicadas que ressurgem nas festas. Para enfrentar isso, Isabelle busca momentos de introspecção e práticas que a acalmam.

    Leônidas Carvalho, um publicitário, relata um sentimento de “limbo” após seu aniversário em novembro. Para ele, o fim do ano é um momento de reflexão, não necessariamente melancólica, mas que traz questões sobre as expectativas de um futuro mais positivo.

    Os especialistas recomendam algumas estratégias para enfrentar a síndrome de fim de ano. Primeiro, é essencial reconhecer e aceitar esses sentimentos, entendendo que não são sinal de fraqueza. A autocobrança pode aumentar a angústia, por isso é sugerido evitar comparações com os outros e focar em metas realistas. Importante também é praticar o autocuidado e buscar ajuda profissional quando necessário.

    Por fim, se o sofrimento emocional se intensificar ou se houver dificuldade em lidar com os sentimentos, procurar um psicólogo pode ser um passo positivo e necessário. O cuidado com a saúde mental é fundamental, especialmente em períodos de alta expectativa, como o fim do ano.

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