Em Minas Gerais, os dados sobre suicídio chamam a atenção. Entre os anos de 2018 e 2023, o estado viu um aumento de 25% nos óbitos por suicídio. Com uma taxa de 9,23 mortes para cada 100 mil habitantes, Minas supera a média nacional, que é de 8,05. Um relatório recente revelou que a faixa etária mais afetada é de 30 a 39 anos, e há um grande descompasso de gênero: 77% das vítimas são homens.
Denize Armond, referenciada em saúde mental pela Superintendência Regional de Saúde de Belo Horizonte, ressalta a necessidade de quebrar preconceitos em torno da saúde mental. Segundo ela, há uma profunda estigmatização, fazendo com que as pessoas vejam a fragilidade emocional como um defeito. Esse preconceito é muitas vezes reforçado por aqueles que precisam de ajuda, dificultando ainda mais o acesso aos recursos necessários.
Armond também discute a percepção das pessoas sobre a necessidade de buscar serviços de saúde mental. Ela menciona que, embora muitos saibam que devem procurar ajuda, a vergonha e o estigma muitas vezes impedem essa atitude. O suicídio é visto como o estágio mais extremo da depressão, e reconhecer que se precisa de ajuda pode exigir coragem e determinação. A profissional faz um apelo para que todos enfrentem o preconceito social e não se autoestigmatizem.
A saúde mental não afeta apenas a população em geral, mas também indivíduos com alto status social. O zagueiro do Clube Atlético Mineiro, Lyanco, compartilhou sua luta ao dizer que passou noites pensando em não ver seus filhos novamente. O ginasta Diego Hypólito, medalhista olímpico, contou que enfrentou uma grave crise que o levou a ser internado em uma clínica psiquiátrica, afirmando que chegou ao ponto de “não conseguir mais viver”.
A saúde mental de crianças e adolescentes também merece atenção, conforme destaca a psicóloga e psicopedagoga Juliana Baldo. Ela acredita que a pandemia ajudou a desmistificar a saúde mental, aumentando a conversa sobre o tema. No entanto, ainda há resistência para o tratamento, especialmente quando é necessária intervenção medicamentosa, e é importante que a família trabalhe em conjunto com profissionais de saúde.
Para garantir o acesso ao atendimento, a Unidade Básica de Saúde (UBS) é um bom ponto de partida. Nessas unidades, é realizado um primeiro acolhimento e, se for necessário, o paciente pode ser encaminhado para serviços especializados. Outra alternativa é o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), que oferece atendimento especializado sem a necessidade de encaminhamento.
Em casos de emergência, como crises agudas, é importante acionar o SAMU (192) ou as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Esse suporte é fundamental para atender às necessidades de quem está passando por momentos difíceis.
Os CAPS têm diferentes modalidades, cada uma voltada para um público específico e com funções distintas, variando de atendimento diário a serviços 24 horas. O acesso a esses centros é crucial para garantir que pessoas com transtornos mentais recebam a assistência de que precisam.
A saúde mental é um tema cada vez mais relevante, e é essencial promover o diálogo e a busca por tratamento adequado para todos.
