Um estudo recente trouxe à tona questões importantes sobre o impacto do racismo na saúde da população negra no Brasil. O fenômeno do preconceito racial não afeta apenas o bem-estar psicológico, mas também a saúde física dos indivíduos que enfrentam essa discriminação diariamente.

    Uma pesquisa revelou que o estresse gerado pelo racismo pode aumentar o risco de doenças graves, como Acidente Vascular Cerebral (AVC), que é uma das principais causas de internação no país. O preconceito racial, que atinge de maneira constante as pessoas não brancas, pode resultar em invalidez permanente ou até morte. Esse cenário é alarmante, especialmente considerando que, no Brasil, um jovem negro morre a cada 23 minutos devido a questões ligadas ao racismo.

    A realidade é ainda mais concernente quando observamos os impactos na saúde pública. O preconceito não só gera sofrimento pessoal, mas também mobiliza recursos financeiros e humanos que poderiam ser utilizados para fortalecer as políticas de saúde voltadas para a população negra. A Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, criada em 2009, visava enfrentar essas desigualdades, mas ainda há um longo caminho pela frente. Profissionais da saúde muitas vezes desconhecem essa política ou não a aplicam de forma efetiva.

    Dados mostram que mulheres negras têm taxas mais altas de mortalidade materna e enfrentam mais complicações durante a gestação, como eclampsia e doenças falciformes. Além disso, é a população negra que apresenta os maiores índices de diabetes e hipertensão. No caso do câncer de próstata, a prevalência do diagnóstico também é maior entre homens negros.

    É necessário que a questão racial seja considerada na formulação de políticas de saúde. A saúde não pode ser vista de forma homogênea; é fundamental que as abordagens sejam adequadas para cada grupo racial. Ignorar essas diferenças prejudica o atendimento e a efetividade do sistema de saúde.

    Se o Brasil é um país com uma população majoritariamente negra e indígena, é urgente que os serviços de saúde reflitam isso. As práticas adotadas devem levar em conta as particularidades de diferentes grupos raciais, em vez de servir apenas como referência à saúde de pessoas brancas. Essa desconexão não apenas compromete o atendimento, mas também contribui para a mortalidade.

    Em suma, é vital que as questões raciais sejam parte central das políticas públicas de saúde, garantindo que todos os cidadãos recebam o cuidado adequado, independentemente de sua cor de pele.

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