Neurocientista alerta sobre uso excessivo de redes sociais e propõe pacto para moderar consumo
O neurocientista Sidarta Ribeiro, conhecido por suas contribuições à ciência do cérebro e suas pesquisas sobre os sonhos, chama a atenção para os riscos do uso desenfreado das redes sociais, especialmente entre crianças e jovens. Ribeiro, que é fundador do Instituto do Cérebro e professor na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, enfatiza a importância de limitar o tempo que passamos em frente a telas e de promover um diálogo sobre o uso saudável dessas tecnologias.
A relação com as telas
Sidarta menciona que a maioria de nós, inclusive ele próprio, tem alguma forma de dependência em relação aos dispositivos eletrônicos. Embora reconheça que o conteúdo audiovisual pode ser enriquecedor, ele alerta para os efeitos negativos do uso excessivo, que podem levar à ansiedade e a uma desconexão social. O cientista destaca que a falta de curadoria e controle no consumo de conteúdos diversos resulta em uma sensação de alerta constante, moldando nosso sistema nervoso de maneira prejudicial.
A experiência como pai
Pai de dois meninos, um de 15 e outro de 7 anos, Ribeiro relata suas dificuldades em gerenciar o tempo offline da família. Ele descreve situações em que, durante férias, a negociação para reduzir o uso de telas se torna um desafio. Para ele, esse comportamento é um reflexo de uma realidade em que as crianças estão cada vez mais imersas em um mundo digital, sem a consciência do que estão abrindo mão em termos de experiências e interações.
Chamada à ação
A proposta de Ribeiro é que pais, avós e toda a sociedade se unam em um “pacto transgeracional de moderação”. Ele sugere que as famílias busquem ativamente passar mais tempo juntas realizando atividades offline, como jogos, conversas ou brincadeiras, em vez de ficarem cada um imerso em suas telas. Essa mudança é vital para que as novas gerações possam resgatar experiências que, segundo ele, estão em risco de extinção.
Os perigos de uma desconexão cultural
Ribeiro também discute o impacto das redes sociais na cultura. Ele acredita que as novas gerações correm o risco de perder uma conexão com a história, a música e a literatura que moldaram as gerações anteriores. A falta de leitura e de apreciação por obras clássicas pode resultar em uma cultura superficial e dominada por conteúdos rápidos e efêmeros, prejudicando o aprendizado e a formação crítica dos jovens.
A situação global
O neurocientista menciona que a permanência das empresas de tecnologia em sua posição atual, muitas vezes sem prestar contas ao público, é preocupante. Ele considera que a sociedade precisa estabelecer limites para o consumo de redes sociais, pois o risco de uma desconexão cultural é elevado. Ribeiro argumenta que a falta de uso consciente e moderado das telas pode levar a um futuro onde os humanos se tornem obsoletos, à medida que as tecnologias avançam.
A urgência de mudança
Por fim, Sidarta Ribeiro reforça que, se quisermos que as futuras gerações tenham diferentes relações com a tecnologia, precisamos começar a fazer mudanças em nossos próprios hábitos agora. Essa transformação deve incluir um compromisso consciente em reduzir o uso das telas e valorizar as interações humanas face a face, para que as crianças possam descobrir um mundo além das telas que as cercam diariamente.
