O que é Simbolismo?

    O simbolismo é um movimento literário que surgiu no final do século XIX, principalmente na França. Ele teve como base a obra “Correspondências”, um soneto de Baudelaire, que apresentou novas formas de expressão na poesia. Os autores mais conhecidos desse movimento são Paul Verlaine, Stéphane Mallarmé e Arthur Rimbaud.

    O simbolismo se opôs ao parnasianismo, que buscava uma poesia mais técnica e objetiva, focada na forma. Esse movimento poético procurou enfatizar a subjetividade e a expressão pessoal, abrindo espaço para muitas outras formas de arte.

    Simbolismo nas Artes

    Além da literatura, o simbolismo também influenciou as artes plásticas. Os artistas dessa época se afastaram da representação realista que o impressionismo promovia. Em vez de retratar o mundo como ele é, os simbolistas buscavam expressar emoções e ideias através de símbolos. Assim, muitas obras não eram baseadas em observações diretas, mas sim na memória e na imaginação.

    O simbolismo quis nos mostrar que o que vemos não é a verdadeira realidade, mas apenas um reflexo de algo maior e mais profundo que está escondido.

    Características do Simbolismo

    1. Elementos Místicos e Transcendentais

    A literatura simbolista frequentemente aborda temas místicos e espirituais. Os autores utilizam a intuição e se conectam com o mundo além do visível. Esse tipo de escrita tende a ser mais subjetivo, afastando-se da realidade cotidiana.

    2. Subjetividade

    A subjetividade é uma marca forte do simbolismo. A linguagem utilizada pelos autores muitas vezes é imprecisa, recheada de delírios e devaneios. As emoções e a imaginação deles se refletem de forma intensa em seus textos.

    Esta característica é diferente da subjetividade do romantismo. No simbolismo, os sentimentos não seguem uma lógica clara e se originam do inconsciente dos autores. Um exemplo é o poema “Acrobata da dor”, de Cruz e Souza, que expressa uma intensidade emocional profunda.

    3. Oposição ao Realismo e Naturalismo

    Os simbolistas se distanciaram de movimentos como o realismo, que tinha um foco em retratar a vida de forma fiel e lógica. Eles desprezavam essa abordagem e buscavam uma maneira de expressar a emoção e a essência da experiência humana, em vez de se ater a descrições exatas. Essa busca por subjetividade mostra a vontade de escapar de uma realidade muitas vezes dura e opressora.

    4. Uso de Aliteração e Assonância

    O simbolismo também se destaca pelo uso de figuras de linguagem, como a aliteração e a assonância. A aliteração ocorre quando há repetição de sons consonantais, enquanto a assonância envolve a repetição de sons vocálicos. Essa sonoridade confere um ritmo especial aos versos, tornando a leitura mais musical.

    Em muitos casos, o som das palavras se torna mais importante do que seus significados. Um exemplo disso é encontrado no poema “Sonata”, de Cruz e Souza, que utiliza essas técnicas para criar uma poética rica e sonhadora.

    5. Presença de Musicalidade

    A musicalidade é uma característica marcante na literatura simbolista. Os autores utilizam recursos da língua para dar um ritmo especial aos textos, através de rimas, repetições e sons semelhantes. Essa musicalidade oferece experiências sensoriais ao leitor que vão além da simples rede de palavras.

    Os simbolistas queriam que a escrita se aproximasse da poesia, evocando emoções mais sutis. Essa atenção à musicalidade transforma a leitura em um deleite sensorial.

    6. Sinestesia

    A sinestesia é uma técnica em que os autores misturam diferentes sensações, como olfato, paladar, visão, tato e audição. Essa abordagem permite que os leitores sintam a escrita de uma maneira mais intensa.

    Por exemplo, em “Soneto do aroma”, de Alphonsus de Guimaraens, o uso da sinestesia permite que o leitor experimente a manhã não apenas pela visão, mas também pelo cheiro e pela sonoridade. Essa mistura enriquece a experiência da leitura e a transforma em algo mais vívido.

    Simbolismo no Brasil

    No Brasil, o simbolismo teve menos destaque do que no cenário europeu, onde foi mais popular que o parnasianismo. O movimento parnasiano era preferido pelas elites e, por isso, o simbolismo muitas vezes ficou à sombra desse estilo.

    Um dos principais autores simbolistas brasileiros foi Cruz e Souza, cujas obras como “Missal” e “Broquéis” exploram temas simbólicos e místicos. Seu trabalho se destaca pela busca de expressar o subjetivo e o íntimo.

    Simbolismo em Portugal

    Em Portugal, o simbolismo foi bastante influenciado pelos simbolistas franceses e trouxe uma nova vida à poesia portuguesa. A primeira obra considerada simbolista em território luso foi “Oaristos”, publicada em 1890 por Eugénio de Castro. Um dos grandes nomes do simbolismo em Portugal é Camilo Pessanha, que se destacou pela profundidade e musicalidade de sua poesia.

    O simbolismo português teve seu auge entre 1890 e 1915, quando o modernismo começou a tomar força e a mudar as regras do jogo literário.

    Conclusão

    O simbolismo, com suas características de subjetividade, musicalidade e elementos místicos, representa uma mudança significativa no panorama literário do final do século XIX. Esse movimento não apenas influenciou a literatura, mas também as artes em geral, promovendo uma expressão mais profunda e pessoal para os artistas da época.

    Embora no Brasil tenha sido menos reconhecido que o parnasianismo, o simbolismo deixou sua marca através de autores como Cruz e Souza. Em outras partes do mundo, como em Portugal, o movimento ajudou a renovar e enriquecer a poesia.

    Assim, o simbolismo continua sendo uma parte importante da história da literatura, ressaltando a busca pela essência da experiência humana através de formas artísticas inovadoras.

    Share.