As negociações tensas entre China e Estados Unidos resultaram em uma nova queda nas tarifas de frete de contêineres no mercado transoceânico. Nesta semana, os preços na rota Ásia-Costa Oeste dos EUA caíram 8%, alcançando US$ 1.431 por unidade de contêiner de 40 pés. As tarifas para a Costa Leste dos EUA também diminuíram 8%, indo para US$ 3.015 por unidade.
Essa queda ocorre em um momento delicado, com a entrada em vigor, no dia 14 de outubro, de novas taxas nos portos dos EUA para navios chineses. Em resposta, a China implementou uma taxa similar sobre embarcações registradas, construídas ou operadas por empresas americanas, incluindo aquelas com 25% ou mais de propriedade dos EUA. Essa medida gera preocupações especialmente para operadoras de navios listadas publicamente, que precisam rever suas estruturas de propriedade.
A crise provocou a saída de diretores americanos de três armadoras. Entre elas estão a Pacific Basin Shipping, de Hong Kong, a Okeanis, da Grécia, e a Danaos Corp., que também é grega e opera navios de contêiner que são fretados por gigantes como Maersk e CMA CGM.
Um executivo do setor, Stamatis Tsantanis, afirmou que a oferta de navios dispostos a atracar nos portos chineses diminuiu. Ele destacou que, no mercado de granel seco, cerca de 60 a 70 navios, que representam 3% da frota de grandes granelheiros, podem ser impactados pelas novas taxas. Ele prevê que isso pode afetar o mercado, especialmente em um contexto em que já há uma demanda crescente e uma oferta limitada de embarcações.
Os operadores de linhas de transporte marítimo estão se preparando para essas novas taxas ajustando suas operações. A Maersk, por exemplo, anunciou que desviará dois de seus navios para a Coreia do Sul, em vez de continuar a rota para a China. A empresa afirmou que está analisando o impacto potencial das novas tarifas em seus serviços.
Entretanto, problemas estruturais continuam a afetar os esforços das transportadoras para aumentar as tarifas por meio de aumentos de preços e surcharges. O crescimento na capacidade dos navios também pressiona os preços. A CMA CGM, que já opera no Mar Vermelho, informou que está melhorando a cobertura entre os portos da Ásia e do Mar Vermelho.
Além disso, tarifas para rotas de Ásia para Norte da Europa caíram 9%, chegando a US$ 1.747 por unidade, enquanto os preços para a região do Mediterrâneo caíram 4%, atingindo US$ 2.131.
Por fim, as estimativas indicam que os volumes de importação dos EUA estão nos níveis mais baixos desde meados de 2023, devido ao acúmulo de mercadorias provocado pela guerra comercial. Isso, juntamente com o aumento da oferta de navios, está contribuindo para a queda contínua dos preços de frete no trans-Pacífico. Apesar das tentativas de reduzir a capacidade em outubro, isso ainda não foi suficiente para estabilizar os preços.
