Um terremoto de magnitude 6,3 atingiu a região de Mazar-e Sharif, no Afeganistão, na madrugada de segunda-feira (3). O tremor deixou pelo menos 20 mortos e cerca de 500 feridos, de acordo com informações das autoridades locais.
As equipes de resgate estão trabalhando intensamente para procurar sobreviventes entre os escombros e alcançar áreas remotas que também foram afetadas. O porta-voz do Ministério da Saúde, Sharfat Zaman, alertou que o número de vítimas pode aumentar conforme as operações avançam.
O Serviço Geológico dos Estados Unidos informou que o terremoto ocorreu a uma profundidade de 28 km, próximo a Mazar-e Sharif, cidade com aproximadamente 523 mil habitantes, conhecida por seus santuários e locais históricos. As províncias de Balkh e Samangan foram as mais danificadas pelo tremor.
As equipes de resgate, compostas por militares e membros de serviços de emergência, já chegaram à área afetada. Elas estão realizando operações para retirar pessoas dos escombros, transportar os feridos e prestar assistência às famílias atingidas.
Um dos locais históricos que sofreu danos foi o santuário de Mazar-i-Sharif, conhecido como Mesquita Azul. De acordo com o porta-voz da província de Balkh, Haji Zaid, parte do templo, que foi construído no século 15 e é considerado um dos mais sagrados do Afeganistão, foi destruído. Imagens divulgadas nas redes sociais mostraram destroços, como alvenaria e azulejos quebrados, espalhados pelo pátio da mesquita, embora a estrutura principal tenha se mantido de pé.
O tremor também provocou a interrupção do fornecimento de energia em várias regiões do país, incluindo na capital Cabul, segundo informações da companhia nacional de energia.
A missão das Nações Unidas no Afeganistão anunciou que está presente na região para ajudar nos esforços de resgate. O país é vulnerável a terremotos devido à convergência das placas tectônicas indiana e eurasiática. Em agosto de 2023, mais de 2.200 pessoas perderam a vida em um terremoto de magnitude 5,5 que devastou áreas montanhosas do leste do Afeganistão, ocasionando deslizamentos de terra e destruição de aldeias.
Em outubro de 2022, pelo menos 1.300 pessoas morreram após um terremoto na província de Herat, e em junho de 2022, tremores com magnitude de 6,1 resultaram na morte de mais de 1.000 pessoas. Este novo terremoto é o quarto grande tremor desde que o Talibã reassumiu o controle do país em 2021, após a retirada das forças estrangeiras, que provocou a suspensão do financiamento internacional crucial para o regime.
Desde a volta do Talibã ao poder, o país enfrentou medidas estritas relacionadas à sua interpretação do islamismo, afetando especialmente as mulheres. As normas culturais impostas dificultam o auxílio às mulheres, pois proíbem o contato físico entre homens e mulheres que não são da mesma família. Isso se tornou um desafio durante as operações de resgate, já que muitos profissionais da saúde no Afeganistão enfrentam uma falta crítica, especialmente de mulheres.
No ano anterior, o Talibã impôs uma proibição que impede mulheres de se matricularem em cursos de medicina, o que se revelou problemático após o recente terremoto, pois a escassez de médicas e socorristas femininas é evidente.
