Um terremoto de magnitude 6,3 atingiu a região de Mazar-e Sharif, no Afeganistão, na madrugada de segunda-feira, deixando ao menos 20 pessoas mortas e mais de 500 feridas, de acordo com informações das autoridades locais.
As equipes de resgate estão trabalhando intensamente para encontrar sobreviventes nos escombros e atingir áreas remotas que foram afetadas pelo tremor. O porta-voz do Ministério da Saúde, Sharfat Zaman, afirmou que o número de vítimas pode aumentar à medida que as operações de resgate continuam.
O Serviço Geológico dos Estados Unidos informou que o terremoto foi registrado a uma profundidade de 28 quilômetros, perto de Mazar-e Sharif, uma cidade com aproximadamente 523 mil habitantes, conhecida por seus santuários e pontos históricos. As províncias de Balkh e Samangan foram as mais severamente atingidas. Equipes militares de resgate e ajuda humanitária já chegaram à região, iniciando ações para retirar pessoas dos escombros e fornecer assistência às famílias afetadas.
Um dos locais danificados foi a Mesquita Azul, um importante santuário sagrado, segundo o porta-voz da província de Balkh, Haji Zaid. Este templo, construído no século 15, é uma das edificações mais veneradas do país. Imagens que circulam nas redes sociais mostram azulejos e alvenaria quebrados no pátio da mesquita, embora a estrutura principal tenha permanecido em pé.
Além dos danos materiais, o tremor causou interrupções no fornecimento de energia em várias partes do país, incluindo a capital, Cabul, conforme relata a companhia nacional de energia.
A missão das Nações Unidas no Afeganistão anunciou que está presente na região para apoiar as operações de resgate. O país é altamente suscetível a terremotos, devido à interação entre as placas tectônicas indiana e eurasiática. Em agosto de 2022, mais de 2.200 pessoas morreram em um terremoto de magnitude 5,5 que devastou áreas montanhosas no leste do Afeganistão, provocando deslizamentos de terra e a destruição de várias aldeias. No mês passado, outro tremor na província de Herat deixou pelo menos 1.300 mortos.
Desde que o Talibã reassumiu o controle do Afeganistão em 2021, este é o quarto grande terremoto que o país enfrenta. A saída das forças estrangeiras resultou em uma queda no financiamento internacional, o que dificultou a resposta a desastres.
As diretrizes restritivas do Talibã, especialmente em relação às mulheres, têm gerado sérios desafios nas operações de resgate. As normas culturais atuais proíbem o contato físico entre homens e mulheres que não são da mesma família, o que dificultou o trabalho da equipe médica, composta apenas por homens, em resgatar mulheres soterradas. A escassez de profissionais de saúde no país, especialmente de mulheres que poderiam ajudar, tem sido um problema crescente.
No ano anterior, o Talibã proibiu a matrícula de mulheres em cursos de medicina, agravando ainda mais a falta de médicas e socorristas femininas, evidenciada após o terremoto recente.
