Um teste rápido desenvolvido na Universidade de Bath mostrou que consegue identificar sinais de problemas de memória relacionados à doença de Alzheimer anos antes do que é normalmente possível em diagnósticos clínicos. Esse teste, chamado Fastball EEG, dura apenas três minutos e registra a atividade elétrica do cérebro enquanto as pessoas assistem a uma sequência de imagens.

    Pesquisadores da Universidade de Bath e da Universidade de Bristol publicaram seus resultados na revista Brain Communications. A pesquisa confirma que o Fastball pode detectar problemas de memória em pessoas com Comprometimento Cognitivo Leve (MCI), uma condição que pode evoluir para Alzheimer. Em 2021, o grupo já havia mostrado que o teste era sensível a problemas de memória na doença de Alzheimer.

    Um ponto importante da pesquisa é que o teste pode ser feito na casa da pessoa, não precisando de um ambiente clínico. Isso permite um monitoramento mais amplo e acessível com tecnologia de baixo custo.

    Na esteira dos novos medicamentos para Alzheimer, como donanemab e lecanemab, um diagnóstico precoce se torna crucial. Esses medicamentos se mostraram mais eficazes nos estágios iniciais da doença. Contudo, na Inglaterra, estima-se que cerca de uma em cada três pessoas ainda não tem um diagnóstico de demência, o que atrasa tratamentos e pesquisas.

    A pesquisa foi liderada pelo Dr. George Stothart, um neurocientista cognitivo da Universidade de Bath. Ele afirmou que os métodos atuais perdem os primeiros 10 a 20 anos da doença de Alzheimer. O Fastball pode mudar isso, identificando a queda da memória de forma mais precoce e objetiva com um teste rápido e passivo.

    Como o teste funciona

    O Fastball é um teste passivo de EEG que observa as reações automáticas do cérebro a imagens. Os participantes não precisam seguir instruções ou tentar lembrar informações, tornando o teste mais objetivo e acessível que os testes de memória tradicionais.

    Principais descobertas:

    • O teste detectou problemas de memória em pessoas com MCI que podem desenvolver Alzheimer.
    • Resultados confiáveis foram alcançados em situações comuns, como em casa.
    • Respostas de memória diminuídas foram observadas até em pacientes que depois evoluíram para demência.

    Os pesquisadores afirmam que o Fastball pode ser adaptado para uso em consultórios, clínicas de memória ou até em casa, ajudando no diagnóstico mais cedo e mais preciso.

    O Dr. Stothart acrescentou que existe uma necessidade urgente por ferramentas práticas que diagnostiquem Alzheimer em larga escala. O Fastball é barato, portátil e funciona em situações do dia a dia.

    A pesquisa recebeu apoio da Academia de Ciências Médicas e da instituição de caridade de pesquisa em demência BRACE. Chris Wiliams, CEO da BRACE, comentou que o Fastball é uma ferramenta incrível para pessoas que, por algum motivo, não conseguem acessar um diagnóstico de demência em um ambiente clínico.

    A BRACE tem apoiado o desenvolvimento do Fastball há vários anos e está animada com as possibilidades de contribuição da equipe do Dr. Stothart nos próximos anos, com o suporte contínuo da instituição.

    Este avanço pode ter um grande impacto na forma como doenças cognitivas são diagnosticadas e tratadas, permitindo que mais pessoas tenham acesso a um diagnóstico e possam receber tratamento a tempo. A expectativa é que isso melhore a qualidade de vida dos pacientes e abra novas oportunidades para a pesquisa na área.

    Essa inovação não apenas promete facilitar o acesso a diagnósticos, mas também pode influenciar positivamente os tratamentos disponíveis para aqueles que lidam com condições cognitivas. A equipe está dedicada em fazer desse método uma realidade para cada vez mais pessoas.

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