Leucemia Linfoide Crônica e Novo Tratamento

    A leucemia linfoide crônica (LLC) é o tipo de leucemia mais comum entre adultos nas Américas, afetando cerca de 200 mil pessoas nos Estados Unidos.

    Um estudo recente revelou que combinar o anticorpo experimental ianalumab com ibrutinibe pode permitir que alguns pacientes com LLC suspendam o tratamento diário. Isso pode melhorar a qualidade de vida deles.

    O ianalumab age em um receptor específico das células B, enquanto o ibrutinibe é um inibidor da tirosina quinase de Bruton. Esses inibidores mudaram o tratamento da LLC, mas normalmente os pacientes precisam tomá-los por tempo indeterminado. Isso pode causar efeitos colaterais a longo prazo.

    Durante o tratamento com ibrutinibe, muitos pacientes lembram constantemente da doença, o que pode ser uma carga emocional pesada. O estudo, liderado por John C. Byrd, busca alternativas para minimizar essa imposição.

    Os pesquisadores escolheram usar o ianalumab porque testes anteriores mostraram que ele tem um bom desempenho quando combinado com medicamentos inibidores de BTK, especialmente contra a LLC.

    O ianalumab bloqueia a sobrevivência e o amadurecimento das células B cancerígenas, além de sinalizá-las para que as células do sistema imunológico possam eliminá-las.

    Byrd explicou que eles queriam saber se esse anticorpo poderia eliminar a doença residual e até clones resistentes, oferecendo uma chance aos pacientes de interromper o tratamento.

    Foi realizado um ensaio clínico de fase I, onde 39 pacientes, que não haviam atingido remissão completa com o ibrutinibe ou desenvolveram mutações de resistência, participaram. Eles foram tratados com ianalumab intravenoso a cada duas semanas, junto com ibrutinibe, por até oito ciclos.

    O estudo se concentrou na segurança, na tolerância e na atividade antitumoral do tratamento combinado. A terapia não apresentou toxicidades limitantes de dose. Eventos adversos significativos ocorreram em 41% dos pacientes, principalmente a queda no número de neutrófilos. A resposta geral ao tratamento foi quase de 60%, e 43,6% dos pacientes mostraram que a doença residual medível não pôde ser detectada.

    Byrd comentou que 17 pacientes conseguiram parar o ibrutinibe e se mantiveram sem tratamento por 12 a 24 meses. As análises de biomarcadores mostraram que o ianalumab ativou melhor as células NK e T, apoiando o seu funcionamento.

    Treze pacientes apresentaram doença residual indetectável tanto no sangue quanto na medula óssea, enquanto quatro apresentaram apenas na medula, o que Byrd destacou como respostas significativas. Ele afirmou que esse tipo de resposta profunda permite que os pacientes parem com a medicação diária, o que tira o lembrete constante da doença.

    Tomar um remédio diariamente pode ser um lembrete da enfermidade, portanto, a possibilidade de interromper a terapia é um marco importante para quem lida com câncer no sangue. Esses achados são significativos para os pacientes com LLC, pois sugerem que essa abordagem pode ajudar a evitar a toxicidade acumulada causada pela terapia contínua com BTK.

    Além disso, a taxa de infecções entre os participantes do estudo foi menor do que a historicamente observada com o tratamento somente com BTK, sugerindo que a adição do ianalumab não elevou o risco de infecções.

    Byrd ressaltou que esses resultados indicam a possibilidade de usar uma terapia combinada de duração fixa para alcançar remissão e reduzir o ônus do tratamento contínuo.

    Por outro lado, a limitação do estudo é o pequeno número de participantes e a falta de acompanhamento a longo prazo. Byrd afirmou que um ensaio maior é necessário para confirmar se essa estratégia poderia se tornar um padrão para diminuir a duração do tratamento com BTK.

    Em resumo, o estudo mostra um avanço no tratamento da leucemia linfoide crônica. Com o uso do ianalumab junto com ibrutinibe, há a possibilidade de que os pacientes consigam parar o tratamento a longo prazo e melhorar a qualidade de vida. A continuidade dessa pesquisa é fundamental para entender melhor os efeitos e garantir avanços ainda maiores no tratamento dessa doença.

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