A série Tremembé, agora disponível no Prime Video, nos leva aos bastidores do “presídio dos famosos” e revela histórias impactantes de alguns dos nomes mais conhecidos da crônica policial brasileira. Com cinco episódios, a produção foca em vários casos, incluindo o relacionamento entre Suzane von Richthofen, interpretada por Marina Ruy Barbosa, e Sandrão, vivido por Letícia Rodrigues.
A narrativa da série é baseada em dois livros do jornalista Ullisses Campbell: Suzane: Assassina e Manipuladora (2020) e Elize Matsunaga: A Mulher que Esquartejou o Marido (2021). Esses livros foram escritos a partir de entrevistas e investigações detalhadas sobre a vida no presídio de Tremembé. A série se propõe a apresentar essa realidade, com todos os seus dramas.
Em uma entrevista, Campbell ressaltou que muitos dos eventos mais absurdos mostrados na série realmente aconteceram. Ele mencionou que o projeto passou por uma revisão dos aspectos legais tanto pela produtora Paranoid quanto pelo Prime Video. O autor expressou seu orgulho pelo resultado, destacando que é uma grande conquista para um escritor ver sua obra adaptada para o formato audiovisual, especialmente sendo um livro-reportagem.
A história começa com a transferência de Suzane para o presídio de Tremembé, após uma rebelião na Penitenciária Feminina de Ribeirão Preto representar um risco à sua vida. Nesse novo ambiente, ela se relaciona com outras detentas conhecidas, como Anna Carolina Jatobá, interpretada por Bianca Comparato, e Elize Matsunaga, que é representada por Carol Garcia e que mantém um relacionamento com Sandrão.
No presídio masculino, aparecem figuras notórias como Daniel, interpretado por Felipe Simas, Cristian Cravinhos, por Kelner Macêdo, além de Alexandre Nardoni, vivido por Lucas Oradovschi, e Roger Abdelmassih, na interpretação de Anselmo Vasconcelos. Essas relações ajudam a construir a dinâmica de poder e afeto dentro do contexto prisional.
A diretora e roteirista da série, Vera Egito, explica que a produção se baseou em eventos reais, mas alguns detalhes foram modificados para criar a narrativa. Ela menciona que houve um triângulo amoroso entre Suzane, Sandrão e Elize, e confirma outros romances e situações ocorridas entre os detentos. Porém, Vera enfatiza que a ficção também é necessária na estrutura do enredo: “Precisamos organizar os fatos em uma linha narrativa, e a ficção é fundamental nesse processo”.
A série promete prender a atenção do público ao revelar a vida de pessoas que estão em situações extremas. O ambiente do presídio é complexo, e a interação entre os personagens ajuda a entender as motivações e o comportamento deles. A produção também levanta questões que provocam reflexão sobre a vida e as escolhas que levaram essas pessoas a estarem lá.
A atuação do elenco é marcada por interpretações fortes que trazem à tona a intensidade dos relacionamentos no ambiente prisional. As personagens enfrentam não apenas seus demônios pessoais, mas também a realidade dura do dia a dia em um presídio. As emoções são evidentes, e o impacto desse espaço na formação da personalidade delas é palpável.
Os episódios não se restringem apenas a retratar crimes e drama; eles também mostram a luta pela sobrevivência e o desejo de amor e aceitação em meio a dificuldades. Cada personagem tem sua própria história, e suas vidas se cruzam, formando uma teia complexa de relacionamentos e conflitos.
A série ainda se destaca ao abordar a questão de como a fama pode influenciar a vida no presídio. O status de “famoso” traz vantagens e desvantagens para alguns presos, que lidam com a atenção da mídia e as expectativas que vêm com seus crimes.
O desenvolvimento da trama e o foco nas relações humanas geram um forte impacto emocional. O espectador é levado a se perguntar sobre as decisões que cada um tomou e como elas os afetaram. Em Tremembé, o que está em jogo não é apenas a liberdade, mas a busca por compreensão e a luta por redenção.
Ao longo dos episódios, questões sociais e éticas são levantadas, fazendo com que o público reflita sobre justiça e suas nuances. O presídio de Tremembé, com suas particularidades, se torna um microcosmos da sociedade, confrontando o público com diversas realidades.
Nesse cenário, a produção busca trazer uma visão mais completa do que realmente acontece nas prisões. A série pretende derrubar preconceitos e mostrar que, por trás de cada crime, há uma pessoa com uma história e um contexto.
Com uma mixagem entre realidade e ficção, Tremembé também aborda o papel da mídia na percepção pública de crimes e criminosos. A narrativa faz com que os espectadores sintam uma conexão com os personagens, fazendo-os pensar sobre o que acontece por trás das manchetes.
O desafio de contar essas histórias de forma sensível e envolvente é bem-vindo, já que permite que o público entenda melhor a complexidade das situações retratadas. As interações entre os personagens são um reflexo das tensões que permeiam a vida no presídio, e isso traz um grau de realismo muito necessário.
Por fim, Tremembé não é apenas uma série sobre crimes; é uma reflexão profunda sobre as relações humanas e as escolhas que todos fazemos. Através de uma narrativa cativante e personagens bem construídos, a série convida o público a olhar para fora e para dentro, questionando o que significa ser humano em condições extremas.
O resultado é um convite à reflexão sobre o sistema prisional, a fama e seus efeitos, mostrando que todo crime tem um motivo e cada indivíduo possui uma história única. Essa abordagem mais humana e conectada à realidade pode ajudar o público a ver além dos rótulos e preconceitos. Portanto, a série é excelente para quem busca entender melhor essas complexidades em um contexto que, muitas vezes, é facilmente ignorado.
